quinta-feira, 22 de abril de 2010

A HERESIA DA PREDESTINAÇÃO (Parte 1)


Calvinista extremado é alguém que é mais calvinista do que João Calvino (1509 -1564), de cujos ensinos vem o termo. Visto ser possível argumentar que João Calvino não cria na expiação limitada (que cristo morreu somente pelos eleitos), segue-se que os que o fazem são calvinistas extremados [...] Os calvinistas extremados são identificados com os seguintes ensinos: Depravação total; Eleição incondicional; expiação Limitada; Graça Irresistível e Perseverança dos Santos.(1)
Norman Geisler

Deus nos escolhe para o serviço na base do caráter e não em bases pessoais. Nós nos elegemos, quando pelo poder de Cristo atingimos o padrão que ele estabeleceu.

www.adventistas.com/biz/povo.../predestinacao.htm
"Que o homem é livre para escolher ou rejeitar o oferecimento da salvação por meio de Cristo; não cremos que Deus tenha predestinado que alguns homens sejam salvos e outros perdidos" – Questions on Doctrine, pág. 23.
Adventistas do Sétimo dia
Se Beza - outro herege - ou se os puritanos tiraram as conseqüências lógicas dessa doutrina de Calvino, não há como inocentar o tirano de Genebra. Ele plantou a árvore má. Ela só podia dar os frutos que deu [...]Repito, se os desdobramentos do calvinismo foram errados, é porque a semente do erro já estava em sua heresia inicial. Na verdade, estavam já nos princípios da própria Reforma de Lutero.(2)
Orlando Fedeli.
Montfort associação cultural (Católica)

Poderia ser acrescentado um número muito elevado de citações contrárias à Doutrina da Predestinação, tanto do lado evangélico como de outras posições, a ponto desta doutrina da Reforma ser considerada como uma verdadeira heresia.
Outro dia, uma pessoa me falou que um pastor Batista havia-lhe dito que a doutrina da predestinação não é certa, o que o mesmo foi para a internet conferir, e ali achou inúmeros posts afirmando ser a predestinação uma heresia.

Os absurdos oriundos de um preparo desqualificado ficam evidentes em inúmeras citações, já em outras, nas quais as pessoas são bem instruídas, como o caso de Norman Geisler e os outros citados acima. Trata-se tão somente de uma cegueira espiritual e rebeldia declarada contra a Escritura. Até é plausível aceitar ataques de um romanista contra a doutrina da predestinação, pois para eles, a Bíblia é mais um “contrapeso” que deve ser analisado à luz da Igreja. No entanto, aqueles que dizem crer somente na Bíblia como padrão de fé e mesmo assim aceitam uma doutrina herética como a pelagiana, levada a cabo pelo americano Charles Finney e outros, é uma verdadeira boçalidade, ou ainda pelos semipelagianos que crêem no livre arbítrio, diga-se de passagem ainda, é um monstro igual ao lobisomem, famoso, no entanto ninguém nunca o viu de perto. Claro, excetuando o Pantaleão e suas estórias mirabolantes, não é verdade, Térta?

O Pantaleão se assemelha muito ao semipelagianisno: com um olho só, mentiroso e ainda por cima quer passar por herói, enquanto Terta se representa pelo pelagianismo de onde surgiu o tal livre arbítrio, como um filho da perdição.

A rebelião humana é indescritível, a ponto de negar os ensinos que são claramente encontrados na Escritura. Outros ainda preferem a “teologia do em cima do muro”, o que certamente consiste num erro crasso.

Os adventistas bebem da mesma fonte dos místicos neopentecostais ao atribuir outras coisas reveladas depois da Bíblia como sendo autoritativas, enquanto as Testemunhas de Jeová precisaram preparar um bíblia própria – viciada, defeituosa e violentada pelo “alto clero”, o corpo governante – que de tanto prever datas, mostrou-se um falso profeta, entre outras, como suas doutrinas errantes de um universo descompassado cheio de anedotas trágicas de seus ilustres eruditos da ignorância.

Antes que se levantasse Jacó Armínio, já havia ensinado o hereje Pelágio e o humanista Erasmo de Roterdã, que, aliás, admira-me muito que os defensores do livre arbítrio não usem seu tratado para defender essa abominação. A crença do livre arbítrio é um ranço de demonismo oriundo da serpente do Éden, onde foi dito ao primeiro casal que se tornariam deuses, pois é isso mesmo que a doutrina humanista do livre arbítrio advoga: um humanismo ingênuo, porém destruidor, trazendo o embuste da divindade humana, pois o homem pode decidir o seu destino e o Criador deve pacientemente esperar por ele, resignado a aceitar a vontade humana e seu pretenso livre arbítrio.

Lutero entendeu que a doutrina do livre arbítrio é totalmente oposta ao Sola Gratia, pois para que serve a graça, se através da minha própria vontade eu posso aceitar a obra de Cristo e seu benefício em meu favor? Graça é favor não merecido, mas se eu posso através do meu livre arbítrio alcançar a salvação já não há necessidade de um favor, pois pelo meu esforço consegui chegar ao céu – desta maneira Paulo mentiu dizendo que a salvação é pela graça e não por meio de obras (Ef 2.8,9) e se eu exerço o livre arbítrio para crer, isso já é obra, e o Apóstolo é taxativo e enfático ao dizer que não é pelas obras.

Assim podes ver que todas as palavras da lei estão contra o livre arbítrio, mas que também todas as palavras da promessa refutam completamente, isto é, que toda a Escritura está em desacordo com ele. Por isso vês que com essa palavra: “não quero a morte do pecador” não se visa outra coisa do que pregar e oferecer a misericórdia divina ao mundo. Essa misericórdia só é aceita com gratidão e alegria pelos aflitos e vexados pela morte, porque neles a lei já conclui seu ofício, isto é, conhecimento de pecado, aqueles porém, que ainda não experimentaram o ofício da lei, nem reconhecem o pecado, nem sentem a morte, desprezam a misericórdia prometida por essa palavra. De resto, por que alguns são tocados pela lei e outros não de modo que aqueles acolhem e estes desprezam a graça oferecida, é outra coisa, da qual Ezequiel não trata nesta passagem, em que fala da misericórdia de Deus pregada e oferecida, não daquela vontade oculta de Deus que, de acordo com Seu conselho, ordena que pessoas Ele deseja que sejam capazes e partícipes da misericórdia pregada e oferecida. Essa vontade não se deve ser investigada, mas adorada com reverência como segredo da Majestade Divina que mais se deve reverenciar, reservado unicamente a Ele e proibido a nós [...]

Certa vez quando estava cursando o primeiro semestre de Direito no RGS, na cidade de Erechim, o professor estava a falar da capacidade de cumprir a lei, e em três aulas seguidas falou do conceito do livre arbítrio. Que o ser humano cumpre ou não a lei simplesmente usando o seu livre arbítrio, no entanto, quando ele disse que levantamos predispostos e coagidos a cumprir a lei, entrou no pior pecado do Direito, a contradição, e indaguei a ele: “como pode alguém ter o livre arbítrio para decidir e ao mesmo tempo ser coagido?” Visto que para eu tomar uma decisão “de” livre arbítrio, não posso ser coagido, nem inclinado e muito menos estar pré-disposto, ou seja, nada deve me influenciar a decisão. Como reza o Aurélio quando define o termo livre arbítrio nestes termos:
Possibilidade de exercer um poder sem outro motivo que não a existência mesma desse poder; liberdade de indiferença. [Refere-se o livre-arbítrio principalmente às ações e à vontade humana, e pretende significar que o homem é dotado do poder de, em determinadas circunstâncias, agir sem motivos ou finalidades diferentes da própria ação. ] (5).

E assim está colocado também na clássica obra de Erasmo, ainda com o acréscimo que: por livre arbítrio entendemos aqui a força da vontade humana pela qual o ser humano pode aplicar-se as coisas que levam a salvação ou afastar-se delas (6). No entanto o próprio Erasmo entende que o ser humano não pode querer o bem sem uma graça peculiar (7).

Nisto erraram Erasmo, Armínio e o meu caro professor de Direito, ao atribuir ao homem uma liberdade que ele não tem. E quando questionados fogem para um canto qualquer, gaguejando sem saber o que responder, dizendo que o assunto é de pouca importância e que precisariam de mais tempo.

Fico a gargalhar quando ouço certas imbecilidades sobre a questão, principalmente dos ignorantes pseudo-inteligentes, que à semelhança de Erasmo, não entendem o que afirmam (8). Certo falador disse que sabia sair dessa questão, afirmando que diante da banca de sua infeliz ordenação foi questionado pelos examinadores sobre sua posição em relação ao livre arbítrio e a predestinação, disse ele que era da denominação tal e que isso não importava. Mas importa sim. Tal indivíduo odeia a predestinação e por política correta se escusou da questão.

Vamos considerar alguns textos bíblicos para saber o que a Bíblia diz sobre o assunto. Estou ciente de que alguns não se dobraram nem mesmo diante do texto bíblico e tentarão torcer e esbravejar contra o próprio Deus em sinal aberto de desconformidade, rangendo os dentes de ódio como as desgraçadas almas do inferno.
Romanos 1.18: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”.
Paulo está dizendo aqui que todos os homens são ímpios e perversos, conseqüentemente merecem castigo. Alguns tentam amenizar argumentando que certas pessoas não detêm a verdade pela injustiça, no entanto o texto fala dos homens e que eles detém a verdade pela injustiça, posto que imaginemos por um instante que o homem tivesse livre arbítrio, vemos por este texto que os homens são ímpios e perversos, logo o livre arbítrio somente afunda o homem na impiedade e iniquidade, é uma conseqüência lógica.
Anteriormente, Paulo ensina em Romanos 1.16: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê primeiro do judeu e também do grego”. O Apóstolo diz que o evangelho é a salvação de todo aquele que crê, mas quem pode crer por suas próprias forças? Obviamente que ninguém, pois inclusive a fé é um dom de Deus (Ef 2.8,9), ainda diz o grande Paulo: “não há nenhum justo, não há sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus... não há quem faça o bem” (Romanos 3.10-12).

Visto que não há nenhum justo, as próprias afeições estão contaminadas e a essência do ser está corrompida, acorrentada ao pecado está a vontade, como então pode haver livre arbítrio, se este só leva em direção ao pecado, pois afeições ímpias e pecaminosas é que dominam o homem?

Não há quem entenda, segue o texto, então quem poderia ter se achegado a Deus se Ele não tivesse se revelado? Nosso entendimento foi destruído quanto às coisas espirituais. Nesta falta de entendimento, os homens andavam à procura de algo como que tateando no escuro, pois seu entendimento estava corrompido, se por seu livre arbítrio pudessem chegar a entender as coisas espirituais, este texto estaria mentindo, pois não há quem entenda, assim como os israelitas, todos que não nasceram de novo, estão com vendas nos olhos e como Paulo antes do encontro com Jesus, havia como que escamas em seus olhos.

Se nosso entendimento é capaz de chegar a Deus sem a Sua graça especial, tirando a venda de nosso entendimento, segue-se que Paulo nos enganou, pois ele diz: “não há quem entenda”. Mas como Paulo está correto, o homem que ensina o livre arbítrio é quem mente, pois ele próprio não labuta no entendimento correto da verdade, e nesses termos o livre arbítrio é como um cego guiando outros cegos.

Não há quem entenda. Se podemos entender à parte da iluminação de Deus, por que os filósofos gregos não entenderam antes, posto que eram muito mais inteligentes do que Armínio e menos perniciosos do que Pelágio e bem mais corajosos do que Erasmo?
Se alguém pode entender à parte da graça de Deus, para que o Espírito Santo? Posto que o homem a si mesmo se conduz em todo o caminho da verdade, não há necessidade da obra do Espírito na vida das pessoas, isso na verdade cheira a bafo de paganismo. Pois o Apóstolo João enfatiza que Deus nos conduz a Cristo, e que ninguém irá a Cristo se o Pai não o levar (Jo 6.44), fica evidenciado que nada se pode fazer esperando pelo tal livre arbítrio. Pois a incapacidade é completa, a depravação do homem é total. Paulo declara que é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade (Filipensses 2.13 King James Version - Português). Paulo e João concordam nisso, como dois grandes generais da verdade contra o maligno e depravado livre arbítrio, que na sua ânsia de rebeldia e emancipação, tenta convencer os ineptos de sua veracidade e poder.

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NOTAS:
1. GEISLER, Norman. Eleitos, mas livres, vida 2005, p.63.
2. www.adventistas.com/biz/povo.../predestinacao.htm
3. www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas...
4. LUTERO, Martinho. Obras selecionadas vol.4. Ed. Sinodal, p100.
5. Dicionário Eletrônico Aurélio século XXI – verbete “livre arbítrio”
6. Lutero (Op. cit.).
7. Ibidem.
8. Ibidem.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

LUTERO ESTÁ FAZENDO FALTA HOJE!


“Vede meus caríssimos irmãos e senhores, que Satanás não cessa de perseguir a nosso Salvador e Mediador Jesus Cristo e que, no que lhe for possível, impede pela doutrina ímpia dos heréticos, por meio de escândalos e perseguições dos tiranos, que a salutar doutrina na justificação permaneça pura na igreja, como, porém nos foi dado, pela inefável misericórdia de Deus, que essa nossa igreja e todo aquele que concorda com essa doutrina tenha razão pura e certa de tratar e transmitir a doutrina cristã, devemos agir com a máxima diligência para que ela se conserve pura e que, quanto depende de nós, seja transmitida pura a posteridade, e que de modo algum admitamos que o artigo da justificação seja por uma maneira diferente ou nova de ensinar, especialmente enquanto nós vivemos, nem demos ocasião a nossa negligência para que Satanás irrompa de novo na igreja, incitando inúmeras seitas e escândalos. Não devemos preocupar-nos somente como salvar-nos, mas temos que ter o máximo cuidado para que a posteridade não receba mentiras e erros sob a aparência da piedade ou da verdade. Malditos, no entanto, os que são ou foram os autores desse horrendo mal”(1)
Rev. Dr. Martinho Lutero,
Disputatio prima contra Antinomianos
18 de Dezembro de 1537.

Martinho Lutero já há muitos séculos espera a ressurreição, homem notável em muitos aspectos, é impossível lê-lo e permanecer impassível, ou se apaixona ou odeia-se o que escrevia e como pensava. De tudo o que escreveu li alguma coisa apenas, sempre que sinto falta de uma mente vigorosa vou a Lutero, não endeusando, pois ele era homem como qualquer um, mas por que, era homem de Deus, apaixonado pelo Cristo Salvador e sua Escritura Sagrada.
Lutero Faz falta hoje, pois o que mais dói, não é a violência dos maus, mas a omissão dos bons (2). Não que estejam todos calados, mas digo isso pela “força” com que defendem o evangelho, ínfima pelo que se poderia fazer, mas a isto se explica, ou tenta-se, usando a palavra “ética”. Mas será que não daremos conta pela nossa negligência por temor de sermos classificados de anti-éticos, reacionários, arrogantes? Afinal de contas, mesmo calados já somos assim taxados.
Lutero faz falta hoje. Cada vez que ouço o que se diz ser “evangelho” o que na melhor das hipóteses é uma doutrina diabólica de escambo e maracutaias financeiras, onde se prega: “contribua para ser abençoado” e “exija isso e aquilo de Deus”. Neste caso, Tetzel era melhor, ou deveria dizer, “menos pior” do que estes cafajestes da religião. Lutero alçou a voz contra essas infâmias e as expôs como elas realmente são, lixo e da pior espécie, ensinam a depositar em contas bancárias para beneficiar homens “ministries”, e que ao tilintar da moeda no cofre bancário a benção chegará voando ao ofertante. A isso, Martinho retruca: “é certo que ao tilintar da moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça...”(3).
Hoje alguns querem viver para a glória de deus, não me enganei ao escrever deus com letra minúscula, pois não se trata do Deus cristão, mas da divindade pagã que necessita ser manipulada pelo homem-todo-poderoso, que pode determinar bênçãos financeiras, curas, unções, que recebe “e-mails” desse deus, um deus que não conhece nada do futuro, pois se engana, volta atrás, muda e fica a roer unhas esperando o próximo passo do todo-poderoso-homem.
E para a glória desse deus, que está ainda meio indefinido de nome, não se sabe ao certo se chama-se Mamon ou Baal, certo é no entanto, que desde a antiguidade seus súditos têm tentado influenciar a Igreja, desde Datã e Abirão indo a Ananias e Safira, chegando até os dias atuais com todos os líderes da religião financeira, que não têm nem vergonha de colocar suas próprias fotografias na frente de seus templos. Quanto a seu predecessor – sim, eles não começaram sua vida de lucros agora - é bom lembrar também de Simão o mágico. Que, diga-se de passagem, é o que logrou mais seguidores a esse deus financeiro e obsceno que estão ensinando por aí.
Para a glória desse deus, tudo que é cristão, deve ser mais caro, desde bugigangas até livros de auto-ajuda que, aliás, devem ser caros mesmo, para que pouca gente leia essas imundícies. Quando penso que nada mais pode ser dito de estúpido na área da religião, aparece sempre outro superando, e o que é pior, sempre tem gente para imitar, aplaudir e financiar essas besteiras.
Lutero faz falta hoje. O misticismo tem caracterizado a grande massa dita evangélica, de tão heterogênea, fica difícil classificar quem é quem, o que é o que. Quando os “profetas” que falavam com Deus face a face intentaram entrar na universidade para ensinar nas cátedras, Lutero disse não. Deus já falou através da Escritura, e vivemos em tempos piores do que o do velho reformador, o Misticismo está por todo o lado que se olha, de um lado o G12, do outro o genérico M12, do outro estão os “apóstolos”. Ordenados por quem? São apóstolos para todos os gostos, é só comprar, sim, tem que pagar, de graça nem a salvação mais. Do outro lado estão os “profetas” desta geração, profetas que não seguem a Deus, que tem visões de barriga cheia, que pedem fogo, anjos, revelações estranhas, carros, mansões, prosperidade, só não falam a verdade.
Lutero faz falta hoje. Quando a falsa erudição quis intimidar a doutrina bíblica da eleição por meio da graça soberana, o reformador elevou a voz e não se calou, escrevendo um dos maiores tratados sobre a livre graça da salvação intitulado “Da Vontade Cativa”. No entanto quando olho para seminários confessionais cheios de professores de “teologia” que não crêem nas Escrituras, fico escandalizado.
Fico a ouvir alguns amigos que ainda estão a estudar, falarem sobre seus Mestres e reitores que comparam inspiração bíblica a psicografia. Que Jesus não ressuscitou fisicamente. Estes imbecís deveriam esvaziar fossas, como se fazia há 80 anos, pois este seria o trabalho que melhor lhes caberia, e isso gratuitamente para não desprezar as pessoas nobres que fizeram este trabalho no passado para levar o justo sustento às suas famílias.
Quem despertará estes professores de seu sonho de erudição, negando a divindade de Cristo, refazendo o Evangelho retirando seus “mitos”, filosofando inutilmente sobre suas intenções de cientificar e contemporizar a igreja, querendo dar uma resposta cristã à ciência que já mudou mais de 5.000 de seus preceitos até agora. Os milagres bíblicos não existem, insistem eles, isso é mito, o Cristo é ressuscitado somente na proclamação (“querigma”, palavra que adoram usar para parecerem mais eruditos) de seus seguidores, dizem tais falastrões idolatrados por “cultíssimos” cavalheiros cristãos. Dizem crer em Deus, mas descrêem do que Ele diz, e tentam refazer Sua mensagem. A esses, representados por Bultmann, Tillich e outros, Lutero replica: “Também aqui mais uma vez, confundes e misturas tudo, como é teu costume, igualando as coisas sacras às profanas, inteiramente sem qualquer distinção, e mais uma vez incorreste em desprezo contra a Escritura e contra Deus”(4)
Esses estúpidos mestres que nunca conseguem descer do pedestal de excremento que fizeram para si, de lá, do alto de seus pedestais não contemplam a verdade que trouxe esperança aos mártires, confessores e cristãos em todas as épocas e em todas as situações.
No seu afã de intelectualidade, não fazem o teste bibliográfico com a Bíblia, assim como se faz com outros livros históricos, não aceitam a evidência interna das Escrituras nem a evidência externa. Afinal de contas, para que serve um Messias morto?
Os “críticos da forma” passam tantos anos se detendo em alguns detalhes que se acham grandes conhecedores e inquestionáveis sobre o que falam, no entanto não há unanimidade em seu julgamento preconceituoso da Escritura e de seus escritores.
Não é feita justiça no sentido histórico, não há respeito nem é feita justiça à inteligência e integridade dos primeiros cristãos. Embora reconheçam corretamente o agrupamento tópico extenso do material nos evangelhos, eles vão longe demais ao desacreditar o esboço básico do ministério de Jesus. Embora aprecie a importância do primeiro período oral, ele praticamente não dá peso adequado ao fato de que num espaço de cerca de vinte anos foram iniciadas as fontes escritas e, portanto, o processo da tradição oral não foi tão longo quanto nas narrativas populares e nas primeiras histórias do Antigo Testamento. A tendência liberal para supor distorção radical da tradição na igreja helenista é refutada pelo caráter semítico predominante da tradição sinóptica comum. Os resultados do ensino liberal são deformados por suposições não examinadas, tais como as de que as histórias de milagres não passam de criações tardias e que a Cristologia explícita surgiu primeiro na igreja em vez de na mente de Jesus. (5)
Sabe-se que Jesus é um homem da história, mas não só isso: ele é também Deus, e isso foi reconhecido logo cedo pela Igreja, já seus discípulos entenderam, até mesmo os seus adversários entenderam que suas declarações de ser o Filho de Deus o colocavam como “Deus de Deus”, tal como afirma a Definição de Calcedônia.
Lutero faz falta hoje. Quando os maus governam, a tendência é de os bons se esconderem, e são poucos os que ousam desafiar um sistema endemonizado, guiado por toda e qualquer espécie de trambiques e injustiças, evidenciado pelo cenário político. Não há como não se sentir repugnado, ao ver um degenerado irascível como o presidente do Irã se aproximando para negócios com o Brasil que insiste em não o apoiar. Fico enojado vendo fotos de jornal do encontro amistoso entre Lula e os irmãos Castro na ilha de Cuba, um dos maiores homicidas senão o maior da América Latina, refiro-me ao Fidel e recentemente a seu querido maninho.
Que o Brasil não sabe se comportar como democracia logo se vê, pois o povo engole calado todo tipo de abuso, se resigna a aceitar e murmurar, ao invés de colocar a boca no trombone e fazer estardalhaço. Como brasileiro, incentivo meus compatriotas a aprenderem com os europeus, mas principalmente com os franceses o que é usar a democracia nas ruas fazendo pressão. Não sou radical, mesmo que o seja rotulado, estou indignado diante do que vejo e ouço. O Brasil não tem nem mesmo tradição constitucional, pois teve até mesmo constituição outorgada e uma que foi tomada de empréstimo da Polônia, o que lhe rendeu o apelido de “polaquinha”. Estamos engatinhando na democracia, e isso é perigoso, principalmente quando neste tempo, nossos preceptores constituídos legitimamente brincam com nossa paciência e inteligência, desdenhando da racionalidade humana, políticos nefandos que sabem tudo dos governos passados, mas nada sabem do que assinam e das falcatruas de seu próprio governo; tudo vale para permanecer no poder, disso Maquiavel discorreu fartamente, e parece que conhecia a política brasileira. Toda a semelhança não é mera casualidade.
Termino este pequeno artigo de indignação me dirigindo a todos os fiéis irmãos, que não se corromperam pelo sistema, mas que militam pela causa do evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Enquanto estamos vivos temos o dever de preservar a doutrina, e nossa união deve estar em torno dela, pois ela é a verdade dada por Deus, as gerações futuras dependem de nosso trabalho hoje, nosso erro os levará ao erro.
E visto que os evangelistas da mídia têm vacinado o povo contra o verdadeiro evangelho, fazendo pior do que vender indulgências, pois vendem toalhas, rosas, sal e toda a espécie de quinquilharias possíveis e inimagináveis, alcemos a voz e vamos dispor do que Deus nos tem dado e não nos acovardar diante de tudo isso que posto está a nossa frente. Este é o desafio de nossa geração, se nada fizermos passaremos a posteridade como aqueles que viveram e não foram dignos de ter estado aqui na terra, e pior ainda, representantes do Reino dos Céus, não podemos e não iremos dormir roncando sendo levados para a morte.
Que Deus nos ampare!
Soli Deo Gloria



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(1). Martinho Lutero, obras Selecionadas – controvérsias. Ano1993: Ed. Sinodal: p. 394
(2). Martin Luther King
(3) Tese 28 de Lutero
(4). Martinho Lutero, obras Selecionadas – op-cit.
(5). Filson apud Josh McDowell – ele andou entre nós. Candeia, 1998, p.166.

sábado, 3 de abril de 2010

VERDADEIRAMENTE ELE RESSUSCITOU!



1 - JESUS TINHA PLENA CONSCIÊNCIA DE QUE DEVERIA MORRER E RESSUSCITAR

Jesus não foi "pego de surpresa" por uma morte abrupta e precoce. Ele sabia que era o "Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo" (Ap 13.8). Sabia que seria "tirado" da terra (Mc 2.18-20; aqui, a expressão "tirado" é a mesma utilizada pela Septuaginta em Is 53.8, duas vezes, que a NVI interpreta como "levado" e "eliminado"). Sabia que passaria por um "batismo" que nada menos significava do que a própria morte (Mc 10.35-38; cf. Lc 12.50). Sabia que o propósito de sua vida era dá-la "em resgate por muitos" (Mc 10.45). Ao instituir a Ceia, "Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos discípulos, dizendo: 'Tomem, isto é o meu corpo'. Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam. E lhes disse: 'Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Eu lhes afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus'" (Mc 14.22-25). Antes, ao subir para Jerusalém, Ele já havia deixado bem claro aos discípulos que "o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios, que zombarão dele, cuspirão nele, o açoitarão e o matarão. Três dias depois ele ressuscitará" (Mc 10.33,34; cf. Mt 16.21; Lc 9.22). Sua morte e ressurreição eram tema constante de seu ensino aos discípulos, nas últimas etapas de seu ministério (Mc 9.9, 31; 14.27,28; cf. Mt 26.31,32). E a quem quisesse ouvir, Ele declarava ousadamente: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (Jo 10.11). "Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la" (Jo 10.18). Sabia claramente o motivo pelo qual haveria de padecer: "Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12.32). E sabia que além da cruz haveria a glória da ressurreição: "E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (Jo 17.5). Sua morte não foi acidental. Não foi um "plano B" divino, como querem alguns. Ele veio para morrer. E para ressuscitar. E Ele sabia disso desde o início.

2 - A RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

Para ser um verdadeiro Apóstolo era necessário ser "testemunha da sua ressurreição" (At 1.22, o que denuncia a falsidade, o mau-caratismo e a ignorância de todos aqueles que arrogantemente se dizem "apóstolos" na atualidade). Os Apóstolos eram testemunhas oculares da ressurreição de Jesus e a anunciavam com ousadia. A ressurreição era o ponto central de sua pregação (At 10.39-43). No início de sua maior epístola o Apóstolo Paulo já menciona a ressurreição (Rm 1.4). No centro de sua teologia estava a morte e a ressurreição de Cristo (Rm 14.9; 1Co 2.2; 15.3,4). Uma das mais sublimes passagens cristológicas do Novo Testamento tem como pano de fundo a morte e a ressurreição de Jesus (Fp 2.5-11). Toda a argumentação do autor de Hebreus, no sentido de que Jesus é o nosso grande Sumo Sacerdote, é baseada no fato de sua morte e ressurreição, que possibilitaram sua exaltação ao "trono da graça" (Hb 4.14-16). Ao boquiaberto João, na ilha de Patmos, Jesus se apresenta como "Aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo..." (Ap 1.18).

3 - A RESSURREIÇÃO E NÓS

A grande passagem neotestamentária a respeito da ressurreição encontra-se em 1Co 15. Ali Paulo argumenta vigorosamente sobre a ressurreição de Cristo e a nossa. O evangelho de Paulo - as boas novas que ele anunciava - consistia na proclamação da morte e da ressurreição de Cristo (vv. 1-4). Ele não encarava a ressurreição simplesmente como "querigmática" (i.e., como um mito embutido na proclamação apostólica), como ensinam os teólogos liberais e seus imitadores tupiniquins (os ateus deveriam deixar a teologia para os crentes). Ao contrário, a ressurreição foi um evento real, histórico, inclusive com centenas de testemunhas oculares (vv. 5,6). Mesmo o incrédulo Tiago, meio-irmão de Jesus, somente havia crido depois de um encontro pessoal com o ressuscitado (v. 7). O próprio Paulo somente era Apóstolo porque havia tido um encontro real com Jesus após a ressurreição, na estrada para Damasco (v. 8; cf. At 9.1-19). Ele havia sido perseguidor da igreja (v. 9), mas após aquele encontro Paulo nunca mais foi o mesmo. Agora ele era um servo de Jesus Cristo (v. 10). A ressurreição é o centro do Cristianismo, sem a qual a fé cristã não tem valor nenhum. Não se trata de uma mera proclamação, ou mito, ou folclore. A ressurreição é real, trata-se de um evento histórico. Aconteceu mesmo. Sem ela, o Cristianismo não passaria de uma piada cruel (cf. vv. 12-19). E é justamente a ressurreição de Cristo que garante a ressurreição daqueles que pertencem a Ele (vv. 20-34). Não somente seremos ressuscitados, mas ganharemos corpos glorificados, semelhantes ao d'Ele (vv. 35-49). A ressurreição de Cristo é a nossa garantia de vitória sobre o último inimigo, a morte (vv. 50-57). É nossa garantia de vida eterna! É nossa garantia de que tudo o que fizermos neste mundo, se for para a glória de Deus, não será inútil ou em vão. Podemos dedicar tudo o que somos e tudo o que temos a Ele - não temos nada a perder, temos somente a ganhar (v. 58; cf. Mc 10.29,30; Rm 12.1,2; 1Co 10.31; 2Co 5.14,15).
Verdadeiramente Ele ressuscitou!


Todas as citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI), publicada no Brasil pela Sociedade Bíblica Internacional e pela Editora Vida.

Artigo baseado em LADD, George. Creo en la resurrección de Jesús. Miami: Editorial Caribe, 1977.